Muito tem sido falado sobre a adultização e a superexposição de crianças nas redes sociais. No entanto, esse fenômeno social também ocorre com crianças que não tem fotos ou vídeos publicados, mas que consomem passivamente conteúdo na Internet.
A exposição a conteúdos inapropriados, como violência, sensualidade e informações adultas através das telas, acelera o despertar para questões adultas, sem a maturidade emocional necessária para compreendê-las plenamente.
Em outras palavras, a facilidade de acesso a imagens e informações que antes eram restritas ao universo adulto agora está na palma da mão da criança, forçando uma “maturação” que não é acompanhada pelo desenvolvimento emocional e cognitivo adequado.
1. O que é o KGOY (Kids Getting Older Younger)?
A expressão KGOY (Crianças envelhecendo mais cedo) descreve um fenômeno social em que crianças apresentam comportamentos, gostos e interesses típicos de faixas etárias mais avançadas.
2. Como o amadurecimento precoce se manifesta?
2.1 No comportamento e nas preferências
- Consumo de conteúdo adulto ou adolescente: séries, filmes e músicas com temas românticos, violência ou questões sociais complexas.
- Autonomia digital: habilidade e confiança para navegar sozinhas em redes sociais, fazer compras online ou criar conteúdo próprio.
- Estética e moda: adoção precoce de estilos, maquiagem e linguagem corporal inspirados em influenciadores adultos.
- Interações sociais: valorização de status, curtidas e seguidores como indicadores de aceitação social.

2.2 No vocabulário e na forma de pensar
- Uso de gírias e expressões típicas de adolescentes ou adultos.
- Discussão de temas como autoestima, imagem corporal e relacionamentos amorosos ainda na pré-adolescência.
- Maior familiaridade com pautas culturais e sociais antes mesmo de compreender totalmente suas implicações.
3. O papel do mundo digital
O ambiente digital atua como acelerador desse amadurecimento precoce:
- Exposição constante a modelos adultos (influenciadores, celebridades, personagens de entretenimento de mais idade).
- Acesso irrestrito a informações sem filtros adequados para idade.
- Pressão para performar — não apenas consumir, mas criar conteúdo para manter relevância social.
4. Prejuízos
- Perda de etapas do desenvolvimento: pular fases importantes da infância pode gerar lacunas emocionais e sociais.
- Pressão estética e comportamental: comparação constante com padrões inatingíveis.
- Risco de exposição a conteúdos nocivos: violência, erotização, discursos de ódio.
- Ansiedade e depressão: quando a busca por validação online se torna central para a autoestima.
- Distorção da noção de tempo: viver “no fast forward” pode reduzir a capacidade de desfrutar momentos presentes.

5. Perguntas para reflexão
- Meu filho/aluno tem acesso a conteúdos que correspondem à sua idade e maturidade emocional?
- O comportamento dele(a) é fruto de curiosidade saudável ou de pressão social?
- Tenho conversado sobre o que ele(a) vê, ou deixo que interprete sozinho(a)?
- Como posso oferecer referências positivas que não acelerem a perda da infância?
- Estamos preparados para discipular e orientar crianças que chegam com questionamentos mais maduros — mas com estrutura emocional ainda infantil?
6. Conclusão
O KGOY não é apenas uma mudança geracional, mas um sinal de como a tecnologia e a cultura digital estão remodelando a infância. Cabe à família, à escola e à comunidade de fé equilibrar isso para um desenvolvimento e amadurecimento saudável e gradual, garantindo que as crianças cresçam no tempo certo.




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