A indústria do cinema é uma poderosa fábrica de histórias, que envolve arte e entretenimento. Ela produz filmes que geram um impacto econômico significativo, com lucros anuais superiores a 21,3 bilhões de dólares, e cria narrativas que ressoam profundamente em audiências ao redor do mundo1.
As histórias exibidas no cinema exercem uma influência profunda em práticas culturais, espirituais e religiosas, inspirando, questionando e influenciando crenças e valores individuais. Esse fato demonstra a importância e o poder que as histórias exercem sobre a humanidade.
Neste artigo, exploraremos como nossa mente foi programada para as histórias e como podemos utilizá-las para a espiritualidade.
Jesus, o Mestre das Parábolas
Historicamente, Jesus foi um dos maiores contadores de histórias, utilizando parábolas para ensinar verdades morais e espirituais que deixaram uma marca permanente na história. Seus ensinamentos, frequentemente transmitidos por meio de narrativas curtas e simples, como a parábola do Filho Pródigo em Lucas 15:11-32, ilustram profundas verdades espirituais sobre amor, redenção e a misericórdia infinita de Deus.

Mateus, discípulo de Jesus, destaca que Jesus frequentemente ensinava por parábolas: “Jesus falou todas estas coisas à multidão por parábolas. Nada lhes dizia sem usar alguma parábola” (Mateus 13:34). Mas, ainda fica a pergunta “por que Jesus ensinava através de histórias, simbolismos e alegorias e não por mensagens claras e diretas?”
Respondendo aos seus discípulos, Jesus disse que seu método estava direcionado ao contexto da audiência: “Por essa razão eu lhes falo por parábolas: ‘Porque vendo, eles não veem e, ouvindo, não ouvem nem entendem’” (Mateus 13:11-13).
A escritora Ellen White, no livro Christ Object Lessons[1], descreve 4 razões principais para Jesus ensinar por parábolas:
- Acessibilidade e inclusão: As parábolas ajudavam a alcançar audiências não preparadas, apresentando verdades difíceis de uma maneira mais acessível.
- Memorização: As lições de Cristo se tornavam memoráveis através das imagens e elementos do cotidiano que ele usava.
- Proteção: As parábolas protegiam tanto sua missão quanto seus ouvintes de potenciais represálias dos líderes religiosos e políticos da época.
- Recordação Divina: Elas eram uma forma de ensinar que ajudava as pessoas a verem Deus em suas atividades diárias, evitando que se esquecessem de suas obrigações espirituais.
A Ciência Por Trás das Histórias
A neurociência moderna oferece insights sobre porque as histórias são tão eficazes[2]:
- Quando ouvimos uma história que nos envolve, nosso cérebro libera dopamina, que nos ajuda a lembrar dos detalhes com maior precisão e emoção.
- Quando uma história nos faz sentir empatia a ocitocina é liberada. A ocitocina é conhecida como o hormônio que promove sentimentos de amor, união social e bem-estar.
- As histórias tornam nosso cérebro mais ativo do que quando lidamos com dados ou fatos.
- Quando o cérebro vê ou ouve uma história, os seus neurônios são ativados nos mesmos padrões que o cérebro do orador.[3]
- Quando simpatizamos com um personagem da história, acabamos por refletir suas emoções. Por exemplo, quando eles estão tristes, nós sentimo-nos tristes. Quando estão felizes, nós sentimo-nos felizes[4].

Essas reações neurais e químicas não apenas melhoram a retenção de informações, mas também fortalecem nossa conexão emocional e espiritual com as lições contidas nas histórias.
A maior história já contada
Dentre todas as histórias, a vida e o sacrifício de Cristo são considerados pelos cristãos como a narrativa mais significativa. A escritora Ellen White, enfatiza a importância de meditar na história de Cristo, argumentando que esse ato de reflexão pode transformar profundamente o indivíduo.
“Faria muito bem para nós passar diariamente uma hora refletindo sobre a vida de Jesus. Deveríamos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito.” Desejado de Todas as Nações, 50.4)
Além disso, a Bíblia instrui os fiéis a ensinar suas tradições aos jovens através de histórias, como exemplificado em Deuteronômio 6:6-7, onde Deus pede aos israelitas para incutir seus mandamentos nos filhos, contando-lhes as histórias do seu povo:
“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”.
Conclusão
As histórias não são apenas entretenimento; elas são um componente vital da espiritualidade humana, capazes de moldar profundamente nossas crenças e comportamentos.
Dicas de como usar as histórias bíblicas para enriquecer sua espiritualidade:
- Escolha o Formato: Selecione o tipo de mídia que mais captura sua atenção.
- Reflexão: Dedique tempo à reflexão após a leitura ou visualização.
- Imaginação: Explore aspectos das histórias que não são detalhados.
- Aplicação Prática: Aplique as lições das histórias em sua vida diária.
- Escrita e Journaling: Escreva sobre suas reflexões para consolidar seu entendimento.
- Arte e Criatividade: Use formas artísticas para expressar sua resposta às histórias.
- Experimente a leitura da série “Grande Conflito” de Ellen White (egwwritings.org), que inclui obras como “Patriarcas e Profetas”, “Profetas e Reis”, “Desejado de Todas as Nações”, “Atos dos Apóstolos” e “O Grande Conflito”, e oferece uma rica fonte de histórias bíblicas.
[1] https://m.egwwritings.org/en/book/15.5#0
[2] https://www.pamelarutledge.com/story-power-the-psychology-of-story/ e https://www.melissahughes.rocks/post/storytelling-changes-our-brain-and-our-behavior
[3] https://www.igi-global.com/dictionary/understanding-and-facing-migration-through-stories-for-influence/100098
[4] https://www.psychologytoday.com/intl/blog/is-your-brain-culture/201108/stories-and-the-mirror-inside-you




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